S. P. F. (homem, 28 anos) – Muitas pessoas me perguntam quando eu virei “gay”. E eu sempre respondo que nunca “virei”, pois na verdade desde criança eu já me sentia diferente dos outros garotos. Aos seis anos de idade eu tinha uma certa noção de minha diferença. Já apreciava com um interesse os outros meninos e preferia a brincadeira ao lado das meninas.
Não posso dizer com clareza o que causou essa mudança. Meu pai era um viciado em cachaça. Participou muito pouco da minha infância. Minha mãe, como quase todas as mulheres da minha família, se mostrava mais forte, dominadora e líder de todos nós. Eu me lembro que eu dizia que quando crescesse eu queria ser igual a ela.
Aos oito anos tive minha primeira relação sexual. Fiz sexo oral com meu primo que na época tinha 15 anos. Me confundo as vezes no que diz respeito a esse episódio, pois não sei se posso dizer que foi um abuso ou não. Meu primo nunca me machucou e eu gostava do contato com o corpo dele. O engraçado é o pacto de silêncio que tínhamos. Ninguém contava a ninguém. Nos nossos encontros às escondidas, o que aconteceu várias vezes, tínhamos contato físico além do sexo oral.
Hoje ele é casado com uma mulher, tem uma filha e poucas vezes nos vemos. E quando isso acontece não tocamos mais no assunto. É como se fingíssemos que não aconteceu. Sou um homossexual assumido, solteiro no momento e ainda não totalmente resolvido. È impossível aceitar essa condição sem sofrimento. Às vezes ainda me pego chorando por medo da solidão e da rejeição. Minha família nunca me ouviu dizer que sou homossexual, apesar de não ter dúvidas que todos eles sabem, principalmente minha mãe.
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