Em seu trabalho com pacientes terminais, a psiquiatra Elisabeth Kübler-Ross fez algumas observações sobre o assunto. Publicou o livro “Sobre a Morte e o Morrer”, no qual a partir de uma pesquisa minuciosa junto a pacientes terminais, pontuou os cinco estágios pelas quais percorre um indivíduo ao receber um diagnóstico fatídico. Na época, seus alunos recorreram a ela para solicitar ajuda num trabalho que objetivava pesquisar “as crises da vida humana”. Depois de longas discussões ficou acordado que a maior das crises era a morte. Mas era inviável realizar um projeto de pesquisa onde a morte era o assunto principal, pois não existem relatos de quem já morreu e tudo o que se sabe sobre o que existe após o morrer encontra-se no campo do mistério e das religiões. Kübler-Ross então teve a brilhante ideia de realizar entrevistas junto a pacientes terminais. As entrevistas resultaram num trabalho inédito na área e que serve de referência até hoje. Nele, ela relatou fases pelas quais todo paciente passa desde o momento em que recebe um diagnóstico até à morte. Essas fases são as seguintes: negação (“Isso não pode estar acontecendo comigo”!), onde o paciente vai em busca de outras opiniões médicas e demora um tempo a ter consciência da doença; raiva (“Por que eu? Porque isso está acontecendo comigo?”) – nesta fase o paciente apresenta revolta contra o mundo ou contra Deus pela circunstância em que se apresenta, classificando como injusto estar doente; barganha (“Talvez se for bom ou se fizer as coisas certas, Deus pode me libertar”) – o paciente acredita poder ser recompensado se tiver um bom comportamento; depressão, quando o paciente não pode mais esconder ou negar a doença, tendo de se submeter aos diversos tratamentos e cirurgias, sentindo-se cansado e com pouca força para continuar lutando e por último temos a fase de aceitação, quase “uma fuga de sentimentos”, como se toda a luta tivesse cessado e chegasse a hora de aceitar de forma definitiva e próprio fim.
Foi verificado que uma característica comum em todas as fases é a esperança por parte do paciente, uma esperança que muitas vezes se apresenta em maior ou menor grau. Como explica Kübler-Ross, em muitos casos, ela está calcada numa “formação religiosa sólida”. Segundo Kübler-Ross, “esta esperança pode vir sob a forma de uma descoberta nova, um novo achado em pesquisa de laboratório, ou sob a forma de uma nova droga ou soro; pode vir como um milagre de Deus”. A autora nos revela que a morte, na verdade, não é o grande problema para o paciente terminal, mas o medo de morrer nasce da desesperança e do desamparo que acompanha a doença. A religião tem oferecido esperança e sentido. Quando um paciente não dá mais sinal de esperança, geralmente, é prenúncio de morte iminente, pois não está na natureza humana aceitar a morte sem abrir uma porta para uma esperança qualquer.
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